já me vale a subida —
flores da serra
Masaoka Shiki foi quem revitalizou a escrita do haicai no fim do século XIX. Talvez o haicai não teria a popularidade que tem hoje em diversas línguas se não fosse ele. Abaixo está a minha tradução de um de seus haicais.
Esse é o haicai mais famoso de Chiyo-ni (pelo menos no Japão). Comumente se interpreta que ela admirou a beleza das flores crescendo ao redor do balde e preferiu pegar água em outro lugar ao invés de tirar as flores.
Abaixo segue duas traduções do haicai de Chiyo-ni. A primeira com métrica 5-7-5 e a segunda com 4-6-4 ("haicai curto"). Como não há plural propriamente dito em japonês, tanto "flores de ameixeira" como "flor de ameixeira" são igualmente traduções diretas do kigo de primavera "ume no hana" (梅の花).
Chiyo-ni foi uma das primeiras mulheres a escrever haicais. Foi discípula de Shikō Kagami, que, por sua vez, foi discípulo do próprio Bashō. Aqui faço a tradução de um de seus haicais.
Dentre todos os haicais de Bachō esse só não é mais famoso que o da rã. A tradução foi feita a partir de traduções literais do japonês para o inglês, já que sei muito pouco do japonês, mas tomei um cuidado em me ater à versão final desse haicai (há uma mais antiga escrita por Bachō), onde a noção mais estática do corvo sobre o galho (e não pousando) é enfatizada.
corvo que repousa
sobre o galho ressequido —
ocaso de outono
está chegando como corte inqui
sidora está chegando pela porta
entreaberta dos fundos da memória
um fantasma vestido com cetim
rasgado como sempre há de vir
no limbo de granito destas horas
vem sempre rastejando como co
bra gigante tentando me engolir
com presas abrasadas pelo san
gue invisível que jorra desta falha
aberta relembrando que não tem
mais nada o que fazer está chegan
do como corte inquisidora está
chegando com a culpa que não tenho