sábado, 20 de outubro de 2018

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Três haicais

tarde no jardim
entre as árvores só uma
tem seus galhos secos

***

até muito longe
árvores enfileiradas
sombras no caminho

***

vista da varanda
silhueta de araucária
na frente da lua

terça-feira, 4 de setembro de 2018

palácio iluminado

Na noite desse dia 2 de Setembro o Museu Nacional foi tomado pelas chamas, perdendo a maior parte de seu inestimável acervo. Em razão desse trágico evento acabei escrevendo o haikai abaixo. 

a noite realça
o palácio iluminado
silêncio e fumaça

domingo, 3 de junho de 2018

Quatro haicais

solidão noturna 
até os grilos lá fora
já foram dormir

***

casal de lagartos
correndo pela calçada
som de folhas secas

***

a noite chegando 
silhueta na baía
dos mais de cem mastros

***

brisa repentina
uma aranha no seu fio
balança assustada

sábado, 17 de março de 2018

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Bashō: 古池や蛙飛びこむ水の音

Bashō é o mais proeminente autor de haicais da história. Mais que isso, ele fundou a tradição de escrita de haicais que perdura até hoje. Dentre seus mais de mil haicais, um é especialmente famoso, embora se possa dizer que não é seu melhor haicai. Esse haicai é conhecido como "haicai do sapo" ou "haicai da rã" e simplesmente fala de uma rã saltando na água e o barulho que isso faz. Algo bem simples e contemplativo, mas muitos dos bons haicais são assim. A tradução que faço aqui não é direta do japonês, pois sei quase nada da língua nipônica, mas a partir de uma tradução crua (a tradução direta sem adaptações) e também com base em outras traduções (algumas podem ser encontradas aqui).

uma rã que salta
na beira do velho açude
breve som da água

Uma alternativa mantendo a ordem e a cesura do original seria

no velho açude —
com o salto da rã
o som da água

Nesse caso a métrica ficou 4-6-4, que aqui é chamado de "haicai curto".

***

古池や蛙飛びこむ水の音

Furu ike ya 
kawazu tobikomu
mizu no oto

Matsuo Bashō

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Emily Dickinson: "A word is dead"

Cá está minha tradução de um pequeno poema de Emily Dickinson. Uma discussão detalhada e outras traduções desse poema podem ser encontradas aqui, onde também está a minha tradução. O poema de Dickinson em questão possui duas frases e cada uma seria um decassílabo heróico se fosse um único verso. Tentei manter essa estrutura, embora tenha feito com doze sílabas ao invés de dez. Além disso tentei também manter o esquema de rimas do original e fazer um ritmo semelhante. Anyway, à tradução:

Morre a palavra
Quando falada,
Alguém disse.
Digo, porém,
Daí por diante
Que ela vive.


***

A word is dead
When it is said,
Some say.
I say it just
Begins to live
That day.