terça-feira, 29 de julho de 2025

SONETO ITALIANO

Aquilo que me faz sempre te amar
Não foi seta de Eros que me fez;
É tua e não da musa a altivez
Que me fez enxergar-te como par.

Nada posso e nem quero acrescentar
Além do que é contido em tua tez;
O coração, a alma e a nudez
São teus e não há deusa a comparar.

Sou grato por amar sem adição
E que Afrodite não me tenha dado
Amor que só se ama com visão

De sonho e se desfaz quando acordado,
Pois o amor pouco pode quando não
Há sequer o que possa ser amado.

terça-feira, 22 de julho de 2025

os meus sonhos de criança

os meus sonhos de criança
eram leves como são
os balões cheios de hélio
que seguro em minha mão

ansiavam por alturas
e virar constelação
os meus sonhos de criança
me lavando pela mão

mas a ira de algum deus
despertei sem ter noção
e com fúria soprou ventos
como ventos de um tufão

e os meus sonhos de criança
foram embora como vão
os balões cheios de hélio
escapando-se da mão

luas e flores

luas e flores 
tantas vezes parece
que fiquei cego

terça-feira, 15 de julho de 2025

segunda-feira, 14 de julho de 2025

pelas ruas estreitas de ladrilhos

pelas ruas estreitas de ladrilhos
seguindo a luz vibrante dos letreiros
eu cruzo a madrugada sem desejos
e sentidos já quase adormecidos

mas sigo com as pernas bem despertas
buscando talvez vício pelo tempo
apenas me trocando de travessa
enquanto a lua cruza o firmamento

eu vago reticente como o vento
sem nenhum indo a múltiplos destinos
pelas ruas estreitas de ladrilhos
seguindo a luz vibrante dos letreiros

fria manhã

fria manhã 
entre os picos da serra
névoa dourada

domingo, 13 de julho de 2025

sexta-feira, 11 de julho de 2025

da terra que parti no fim da infância

da terra que parti no fim da infância
eu carrego na palma envelhecida
um punhado luzido da memória
mas não sei mais falar a sua língua

e sinto uma distância irreparável
e uma voz sussurrando nostalgias
num canto luminoso da memória
mas não sei mais falar a sua língua 

a terra que deixei na minha infância
agora nem parece que existia
mas carrego um punhado na memória
mesmo sem mais falar a sua língua